quarta-feira, 30 de maio de 2012

Tábuas passam por um detector de metais, para identificar corpos estranhos, como pregos ou parafusos, que serão retirados.

  • Madeira de demolição é luxo só

  • Eduardo Alves
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A procura por móveis fabricados usando madeira de demolição como matéria-prima, aumentou muito nos últimos anos. O aspecto rústico desse tipo de material ganha muitos adeptos. São pessoas que procuram por um banco para a varanda, um jogo de mesa para a cozinha.

Pode ser também alguém interessado em um produto diferenciado para decoração, ou quem quer dar uma outra cara para a fachada da loja ou comércio. A aplicação da madeira de demolição é ampla e sempre existe a chance de surgir uma nova opção que caia no gosto de consumidores, decoradores e arquitetos.

Segundo João Paulo da Motta Palmas, da Fratoni Móveis, empresa que trabalha com móveis rústicos e planejados, "o que a pessoa imaginar dá para fazer utilizando a madeira de demolição. Eu costumo brincar com os clientes que o que eles tiverem de fotografia de móveis da casa da avó, é possível fazer e fica muito bonito", diz.
Douglas Marçal

Tábuas de Peroba Rosa, com mais de 30 anos de uso, são transformadas em móveis de requinte único
Ele conta que com a alta procura por móveis com esse tipo de material, os donos de terrenos com casas de madeira, que há tempos pagavam para empresas demolir as casas e se livrar das madeiras, hoje, cotam quais as empresas pagam mais por esse material, que virou sinônimo de móveis de luxo.

A procura é tanta que empresas dos Estados de São Paulo e Minas Gerais têm a região de Maringá como fonte de matéria-prima. "Tem muita madeira de demolição aqui. A cidade acabou de fazer 65 anos. Existem muitas casas de madeira com 50 anos, na média, e que as pessoas se desfazem delas para construírem casas de alvenaria", explica Palmas.
INVESTIMENTO

O preço de móveis fabricados
utilizando madeira de demolição
varia de acordo com os tipos de
acessórios que são incluídos na
peça. Vidro, pastilhas de
cerâmica e metal escovado com
aspecto envelhecido, são alguns
elementos que podem
incrementar cristaleiras, bancos
ou mesas, por exemplo.
Dependendo do tipo de
acessórios incluídos, o custo da
peça fica entre R$ 600 e R$ 800
o metro quadrado
Os tipos de madeira de demolição que mais se encontram na cidade, segundo Palmas, são Peroba Rosa, Pinho e Canafístula. Ele ressalta que entre estes tipos, a Peroba Rosa ainda é a mais procurada para fabricação de móveis rústicos. Para a confecção dos móveis existe a necessidade de beneficiar a madeira.

Esse processo caracteriza três tipos de móveis de madeira de demolição, os maquinados, com aspecto mais liso, o móvel rústico, com aspecto de podre, com veios da madeira mais intensos e visíveis e a madeira de policromia, que tem resquícios das pinturas que foram feitas no material ao longo do anos, enquanto a madeira ainda servia como parede de residências.

A procura das madeiras que vão se tornar objetos de sonho de consumo em lojas de móveis são por tábuas que tenham entre 30 e 40 anos de uso. "A exposição das madeiras nas casas, por mais de 30 anos, ao tempo, faz com que o sol e a chuva apodreçam a parte mais fraca da madeira, ficando só a parte mais forte", afirma Palmas.


Etapas do beneficiamento
A madeira de demolição que chega na marcenaria passa por algumas etapas até estar pronta para ser utilizada como matéria-prima na confecção de novos móveis. Primeiro, as tábuas passam por um detector de metais, para identificar corpos estranhos, como pregos ou parafusos, que serão retirados.

Em seguida, é definido o molde a ser utilizado no novo móvel, que pode ser rústico ou liso. No caso dos móveis rústicos, a madeira vai passar pela aplicação de produtos químicos para que os veios naturais da madeira possam ser ressaltados. Por último, a madeira de demolição é encaminhada para o corte da produção.

De acordo com Palmas, o que caracteriza a madeira de demolição e dá o charme necessário para que esse material ganhasse muitos admiradores é o peso da madeira, que é mais densa; marcas de prego e pequenas marcas de cupim, resultados dos anos de exposição da madeira.

"A madeira de demolição não é valorizada apenas pelo aspecto visual e da beleza do material, o que também valoriza é a questão do reaproveitamento, isso chama a atenção do cliente. A procura da sustentabilidade que nós vemos tanto em muitos segmentos, ganhou espaço nos móveis, reaproveitando materiais", destaca.

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