terça-feira, 25 de setembro de 2012

DETECTORES TAMBÉM NA PRISÃO

 
 

Com revista high tech, dobra total de visitantes presos em cadeias do Rio

Investimento em tecnologia favorece apreensões de drogas e celulares.


Para impedir o consumo de drogas e pontos de venda dentro dos presídios, a Seap (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária) do Rio de Janeiro investiu em tecnologia. O uso de banquinhos detectores de metais, scanner corporal, raio-x de bagagem e pórticos já mostra resultados: em três anos, o número de visitantes presos com drogas ou telefones celulares dobrou.
 
De acordo com a Seap, 147 visitantes foram presos em flagrante tentando entrar com material ilícito nas cadeias do Estado em 2009. Neste ano, até agosto passado, já foram registradas 182 prisões. Em todo o ano passado, foram 221 casos, aumento de 50% em relação a 2009.
 
Do total de ocorrências, 78% aconteceram no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio. Lá, em 2009, foram registradas 99 prisões, média de um caso a cada 3,6 dias. Este ano, até o fim de agosto, já foram 154 prisões, uma a cada 36 horas (1,5 dia).
 
Segundo a subcoordenadora de Segurança da Seap, Claudia Dias, mais de 2.000 pessoas entram nas unidades prisionais do Rio durante as visitas, que acontecem praticamente todo os dias. Para ela, além da tecnologia, a observação dos funcionários é fundamental.
 
— Os equipamentos detectores de metais, como o banquinho, o pórtico e as raquetes, que já eram usados antes da instalação do scanner corporal, são fundamentais para detectar celulares, por exemplo. Quando o assunto é droga, o olhar do agente penitenciário é mais importante. É ele que vai desconfiar das visitantes, submeter à revista e ao scanner, que não deixa escapar nada.
Claudia disse que há alguns sinais observados pelos agentes, como nervosismo e a tentativa de agir de forma natural, por exemplo. Segundo ela, a revista para encontrar drogas é feita de forma amostral, já que existe apenas um scanner corporal e não haveria como passar mais de 2.000 pessoas pelo equipamento.
 
De acordo com agentes penitenciários ouvidos pela reportagem, a droga que entra nos presídios serve para consumo e venda dentro das unidades prisionais. Eles dizem que, nas cadeias consideradas grandes, como Plácido de Sá Carvalho e Vicente Piragibe, onde há mais de mil presos, os detentos usam várias visitantes para entrar com a droga. Eles acreditam que uma pode ser presa, mas as outras vão conseguir entrar.

Segundo Claudia Dias, as mulheres são maioria entre os visitantes presos, mas também há ocorrência de homens. O mais comum é elas esconderem drogas e celulares nas partes íntimas, mas há casos de homens que escondem o material ilícito no ânus, o que acontece com mais frequência entre os próprios presos durante fiscalização de rotina.
— A gente também encontra material dentro de fraldas de bebês, roupas de crianças, chinelos, fundos falsos de potes com comida. Quando há o flagrante, o visitante é levado para a delegacia e fica preso. Já o interno que receberia a visita fica 30 dias em isolamento.


Por Marcelo Bastos, do R7 | 23/09/2012

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