Após
incorporar funções de banco, lotéricas sofrem onda de assaltos em Salvador
Somente
neste ano, 59 lotéricas foram roubadas em Salvador. A última ação aconteceu no
Rio Vermelho, na noite de terça-feira
Pagamentos de conta de água, luz, telefone, boletos bancários, além de aberturas
de contas, saques e até empréstimos consignados. As casas lotéricas incorporaram
funções que antes eram privativas dos bancos, mas estão longe de ter a segurança
de uma agência financeira. E, quanto mais serviços oferecem aos consumidores,
mais esses estabelecimentos aumentam a movimentação de dinheiro e passam a ser
alvos fáceis para criminosos.

Mesmo com circuito de TV, seu Gilson reclama: grades
e as câmeras não têm sido suficientes para reduzir número de assaltos que
amedrontam também os clientes das lotéricas (Fotos: Evandro
Veiga)
Somente neste ano, 59 lotéricas foram roubadas em Salvador. A
última ação aconteceu no Rio Vermelho, na noite de terça-feira. Bandidos
arrombaram a loja Loterias Pé Quente, na rua José Tabuada, próximo à academia
Vila Forma.
Segundo funcionários, os ladrões aproveitaram que o
estabelecimento não tem câmeras e nem alarmes e levaram toda a quantia de um dos
cofres, que foi arrombado. Este foi o segundo roubo registrado na loteria neste
mês. No dia 5, cinco homens armados levaram uma certa quantia em dinheiro. “Dois
aguardavam dentro de um carro, enquanto os demais recolhiam dinheiro dos guichês
e dos clientes”, conta uma jovem, que trabalha no caixa.
Segundo alguns
donos de lotéricas ouvidos pelo CORREIO, as apostas hoje são a atividade menos
executada em seus estabelecimentos. “Hoje, as lotéricas são ‘minibancos’, mas
sem estrutura. Se funcionamos como bancos, deveríamos ter um sistema de
segurança para bancos, como porta giratória e segurança armada”, diz o
proprietário da Axé Loterias, Gabriel Araújo, 21 anos.
Mas, segundo
ele, seria necessário além da autorização da Caixa Econômica Federal, que o
próprio banco arcasse com as despesas. “Algumas lotéricas estão tendo
dificuldades para botar a blindagem, que custa em média R$ 30 mil”, conta o
empresário. A loja dele, instalada no primeiro andar da Estação da Lapa foi
assaltada anteontem por dois homens, que usavam paletó.
A ação da dupla
de criminosos causou tumulto e o assalto ocorreu a poucos metros do módulo
policial que funciona na própria estação.
Cadeados
Apesar das
câmeras, sensores e até segurança de rua, o dono da Lotérica Santa Cruz, situada
na Avenida Joana Angélica (Centro), Gildo Lemos Couto, 72 anos, diz que a
insegurança é constante.
“É mais fácil ganhar na loteria do que um policial
passar por aqui”, diz o empresário que, apesar dos dispositivos eletrônicos na
loja, todos os dias leva cerca de 20 minutos para abrir 14 cadeados para entrar
em sua propriedade.
Ele também defende que as loterias devem ter portas
giratórias e segurança armada. “Já tentaram assaltar aqui algumas vezes e numa
delas atiraram em mim três vezes”, conta ele, que tem 40 anos no ramo.
Na ocasião, Gildo tentou dominar o assaltante, que na fuga atirou. “Os
tiros não acertaram, mas eu peguei o comparsa dele e o entreguei à polícia”. O
empresário pagou R$ 1.500 por uma porta de aço, que ficará no corredor que dá
acesso ao cofre.
Duas grades reforçadas, tela de madeira nos guichês
para dificultar a observação nas dependências da lotérica, porta de aço, além de
câmeras e sensores de presença. É desta forma que o dono da Loterias Relil, na
Barra, tenta evitar que sua loja seja mais uma a engrossar as estatísticas da
Polícia Civil. “Realmente as lotéricas funcionam como pequenos bancos. O ideal
é que também tenhamos segurança ostensiva”, diz o empresário.