terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mineoro Portas Giratórias no Fantástico

Tudo parece tranquilo no posto de gasolina, na farmácia, no mercado. Mas, isso vai durar pouco. Todos estão prestes a sofrer um assalto. Um não, vários! 

Veja o vídeo Mineoro Portas Giratórias
O posto fica em São Paulo. 

“Eu comecei a trabalhar no sábado para o domingo, de segunda para a terça eu fui assaltado, de quarta para quinta eu fui assaltado, de quinta para sexta eu fui assaltado”. 

Só em julho, foram seis roubos. O primeiro foi no dia 13. Dois ladrões entram na loja de conveniência, revistam todos lá dentro, inclusive, uma funcionária que está no banheiro, e saem com o dinheiro do caixa. 

Três dias depois, a mesma coisa. E também no dia 19, 20, 25. No dia 28, levam o carro de um cliente. “Sensação de impotência, você fica na mão deles”, diz uma vítima. 

Na maior parte das vezes, os assaltantes vêm de moto. “Já abordava e assaltava. Muito fácil”. 

Segundo os funcionários, geralmente os assaltantes chegam por uma rua escura, nada iluminada, e rapidamente têm acesso aos frentistas e também à loja de conveniência do posto. Em pouco tempo, vão embora. Podem sair pela importante rodovia de São Paulo, de fácil acesso, que acaba servindo para os assaltantes também como rota de fuga. 

É com essa rapidez que ladrões também assaltam uma farmácia, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Em um dia, levam 28 segundos. Em outro, 20, e em um terceiro, 15. “Eles só chegam no caixa, pegam o dinheiro e saem correndo”. 

Foram oito assaltos em nove meses, o último em 30 de julho. De acordo com o dono da farmácia, os ladrões são adolescentes. O rosto deles foi preservado, assim como o de todos os outros identificados como menores nesta reportagem. 

Mas, por que tantos assaltos sempre nos mesmos locais? A polícia de São Paulo reconhece: os ladrões sabem que estes lugares estão desprotegidos. 

“A demanda é muito maior do que qualquer possibilidade física, seria pensar numa coisa surrealista: em cada avenida uma viatura da polícia. Isso não existe em lugar nenhum do mundo”, explica Marcos Carneiro Lima, delegado-geral. 

Segundo a polícia, os ladrões atacam principalmente à noite, quando o movimento nas ruas é menor. Mas, em Planaltina, no Distrito Federal, uma quadrilha agiu tranquilamente durante o dia. 

“Ficamos muito assustados porque foram três assaltos em menos de cinco dias. Nós fomos assaltados no sábado, na terça e na quarta”, diz Carlos Silvio Pereira, o dono do mercado. 

Para os funcionários, os três assaltos foram praticados pelos mesmos ladrões. 

Em um sábado, a quadrilha não teve dificuldade. Na terça seguinte, abordou um funcionário, que não tinha a senha para abrir o caixa e os assaltantes saíram sem nada. 

“Disseram que voltariam no dia seguinte. Realmente na quarta-feira voltaram, mas aí já vieram quatro e armados.Nós temos 18 câmeras, mas mesmo assim não os inibiram. Chegaram e assaltaram mesmo, entendeu”, conta o dono. 

Só colocar câmera não basta, segundo a especialista em segurança pública Melina Russo. É preciso que as imagens cheguem até a polícia. “É a polícia que vai fazer esse trabalho, juntando todas as imagens de todos os estabelecimentos, para entender: é uma quadrilha, não é uma quadrilha?”, diz Melina Risso, diretora do Instituto Sou da paz. 

No caso do posto de São Paulo, a gerente disse que a polícia não pediu as imagens durante a investigação. “A polícia não faz nada depois do boletim de ocorrência”. 

Ela afirma que a delegacia só pediu as gravações exatamente no dia em que o Fantástico fez a entrevista com o delegado-geral de São Paulo. Os vídeos têm informações importantes para a identificação dos criminosos. 

Em dias diferentes, o bandido está com a mesma roupa. Junto com ele, um homem com uma tatuagem na mão esquerda. Dá para ver essa tatuagem em quatro assaltos seguidos. As imagens também mostram claramente o rosto dos bandidos. 

“Torcer para que a polícia prenda ou que aumente o policiamento na área”. 

Em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, um comerciante cansou dos assaltos e adotou uma medida radical: uma porta giratória, como as de agências bancárias. Segundo os donos, esta foi a única solução para acabar com os assaltos. Desde que eles instalaram a porta giratória há cinco anos, não houve registro de mais nenhum roubo no local. 

Custou caro: R$ 15 mil, mas trouxe a segurança que Edson, dono do mercado, não tinha mais. “Sofri cinco assaltos num ano, daí um funcionário deu a ideia: bota uma porta de banco”, conta Edson da Silva, dono do mercado. 

Até hoje o Edson fica de olho pra ver se alguém se atrapalha. Mas, na vizinhança de Edson, os assaltos continuam. 

“Duas agora em 2012, em questão de um mês”, conta Silene Limberger, comerciante. 

É por isso que iniciativas individuais, como a do Edson, não são suficientes, segundo a especialista. “Os comerciantes pressionarem a segurança pública, para a gente ter uma segurança para todo mundo”, diz. 

A brigada militar, responsável por Santa Cruz do Sul, afirmou que a violência vem diminuindo. Em São Paulo, a Polícia Militar vai intensificar o patrulhamento nos locais mostrados pelo Fantástico. 

Em Planaltina, a polícia diz que os assaltantes do mercado já foram identificados. Três menores foram apreendidos e um ladrão foi preso. 

Também foram detidos um dos assaltantes de Santa Cruz do Sul e um de Ribeirão Preto. No total, só seis dos ladrões responsáveis pelos 19 assaltos que você viu nesta reportagem. 

“É importante a polícia ter a questão da autocrítica, de não ficar procurando desculpa esfarrapada, mas encarar o problema de frente e dar uma solução ao cidadão”, diz o delegado geral. 



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